O dia é longo. Não por causa do horário de verão, Mas pela minha disposição, Ou melhor, pela falta dela. O calor me irrita, A necessidade e a falta de vontade de estudar me irritam, O Sol na janela me irrita. O excesso de gente em casa me irrita. A falta de alguém com quem conversar me irrita. Meu melhor amigo, Melhor confidente, Única pessoa que poderia me dar um pouco de atenção (Porque nenhuma outra pessoa me dá) Tem mais o que fazer. Os dias têm sido longos, E o ano que mal começou já me irrita, E já quero ardorosamente que ele acabe. Mas as noites têm sido piores. Longas, Quentes, Virando de um lado para o outro Sem encontrar o bendito sono. As tardes têm sido longas, Pois de dia ainda durmo Por causa das noites que não dormi. Por causa do telefone que não toca, Por causa da notícia que não chega. Notícia nenhuma, Nem alegria nem tristeza, Só o desconforto da ignorância. Não sei o que pode ser pior, Saber e não saber conviver com o que sabe, Ou não saber e viver a ansiedade do próximo minuto desconhecido, Quando tudo pode acontecer, Ou como na maioria dos casos, Nada acontece. Chega a doer. E quando você acha que, Mesmo não falando nada, Pode encontrar algum conforto, E não encontra nem um ombro onde se encostar, Aí sim é que dói mais. Penso bobagens. Eu só queria poder falar com alguém, Mas todos já conhecem o assunto E estão, assim como eu, Cansada dele. Penso em, Ao invés de esperar que o telefone toque, Eu mesma fazer o telefone tocar, E falar tudo o que me viesse à cabeça, Ou simplesmente não dizer nada, E talvez ouvir alguma coisa. Mas já liguei demais. Já disse tudo que poderia dizer, E se disser algo agora, Será para arruinar tudo da qual quero me livrar. Mas não devo, Pois sei que mais cedo ou mais tarde, Vou sentir graves conseqüências do que eu disser, Como já aconteceu antes. Não acho que ficar calada esperando que a vida decida por mim seja correto, Mas tenho medo de decidir isso novamente e mais uma vez me arrepender. Enquanto sinto medo, Vou amargando os dias quentes, As tardes longas, As noites não dormidas E a falta de vontade de estudar (apesar da necessidade), Enquanto o sol brilha lá fora.
Que fazer quando você se distancia do mundo e seu mundo lhe parece distante? Com quem chorar? Com quem contar? Em quem confiar, se não há alguém ao seu redor? Tudo parece tão longe, que seus soluços ou seus gritos não seriam percebidos pela pessoa mais próxima, como se entre vocês só houvesse vácuo.
Sofra calado, chore baixinho, pois mesmo que você quisesse tornar pública a sua dor, você não conseguiria.
Poupe-se, pois sua dor é só sua e ninguém pode fazer nada por você. É sua vida, as decisões são suas, pois as conseqüências assim o serão.
Aproxime-se do seu mundo se preciso for. Faça o que é seu permanecer ao seu alcance. Mas enquanto não o faz, se não o quiser, chore em silêncio e conserve sua dor consigo, pois ninguém tem a obrigação de sentí-la ou saná-la. Só quem pode fazê-lo é você.
Não espalhe suas frustrações para o mundo. Ele está tão distante, que quando elas chegarem, ninguém as entenderá.
Portanto, se não for para mudar alguma coisa em sua vida, poupe-se.
Choro a minha dor. A dor de um abandono. Deixei de lado alguém que amava Pedi que fizesse o mesmo E agora que o fez, Me sinto sem chão, Sem norte, Sem graça. Perdi. Pedi para perder E consegui. Agora sinto o vazio, E sinto sono Pela noite mal dormida. Meus olhos doem Pelo sono E pelo choro, Pela dor de perder O que pedi para me deixar. A culpa é minha Se hoje olho para o horizonte Sem procurar por nada E achando o que procuro. Pedi por isso. Choro porque não sabia O vazio que sentiria.
Por mais que eu minta para mim mesma, Por mais que eu tente me convencer do contrário, Por mais que eu diga ao mundo que não, Eu ainda te amo. Como nunca amei ninguém. Como nunca amei a mim mesma. Como jamais alguém me amou. Mas tento acreditar que não Para poder viver sem você. Me afastei para que pudesse viver para mim Antes de definitivamente viver para nós. Devo admitir que tenho medo de, Ao me resolver ser só sua, Ser tarde e você já ter se decidido Por ser de outro alguém, Pois você me conta histórias Em que para você, Tudo é belo e perfeito E eu percebo que consegui o queria E isso me amedronta. Me sinto sozinha, Perdida, Cada vez mais solta no universo Sem saber se encontrarei alguém para mim, Que eu ame tanto quanto amei você E que me ame tanto quanto você diz que fez. E quando você disse que me amava, Tremi, Pois quem amava, não mais o faz. Mas eu te dei motivos, Te dei razões para isso. Colho hoje o que plantei. Mas tenho tanto medo de ficar só Quanto tenho de estar com a pessoa errada. Eu só não sabia que você Era a pessoa mais certa. Também temi encontrar alguém Que eu achasse mais certo que você Quando ainda estávamos juntos. Não quis te magoar, Então parti. Covardemente. Mas estava enlouquecida, Confusa, Meio perdida. Então me perdi de vez, Mas sem ter certeza se Nessa perda pessoal Eu queria te perder. Hoje acho que não quero, Mas você, melhor que ninguém, Sabe quão inconstante sou E pode ser que amanhã Eu mude de idéia. Acho que o que realmente não quero É me perder de mim, Deixar de ser eu. Não sei se quero ser eu mesma sozinha Ou se mudo pra sermos nós dois juntos. Já percebi que, como sou, não dá Pois sempre pergunta se mudei E isso me incomoda. Muito. Parece que tenho que escolher Entre você ou eu. Até então, eu achava que a segunda opção Era a melhor, pois eu poderia encontrar Alguém melhor que você para mim. Alguém que me aceitasse exatamente como sou, Sem querer que eu mudasse. Mas a cada dia que passa Sinto que a única pessoa que me atura E me aceita Mesmo sem entender É você. Mas ainda me sinto perdida, Solta, Orbitando no nada Esperando me encontrar. Procurando algo Que não sei o que é. Mas espero identificar quando achá-lo Para que não bote a perder Como fiz com você.
A paixão não tem cura, Para ela não há fuga, Não existem esconderijos Onde ela não te encontre. Você corre, Se esquiva, Se camufla E ela te acha Te amarra e te derruba E você não pode fazer nada. Ela domina cada parte do seu ser. Corpo e alma. Suga toda a sua essência, Só deixa o suficiente Para permitir que você Tente se desvencilhar Quando está fraco e Domado demais para Pensar em si. E então ela dorme um sono profundo, Como coma ou morte, Mas seria muita sorte ter-se livrado dela E quando você volta a ser você, Ela volta. Te atenta, Te atormenta E você tenta lutar contra, Mas nem sempre consegue. E quando o faz, Sem sempre ganha Até que você restabeleça a razão, é um cão raivoso, Um sonâmbulo maníaco, Faz as coisas sem perceber. Fala de amor sem querer, E deseja fortemente O que de forma consciente Você não quer nem ver. Às vezes dói. Às vezes nem tanto. Às vezes prolonga-se o desalinho Só para sentirmo-nos vivos Só para lembrar que ainda existe Um coração que pulsa. Fraco, Demente, Quase sem vontade própria. E suas pernas querem andar Até acharem as origens desta ânsia, E a razão não deixa; Os ouvidos querem escutar A voz que te chamou e repeliu, E a sua consciência não permite; Sua boca, enlouquecida, Precisa daqueles beijos, E precisa dizer que ainda ama Apesar de odiar profundamente. Ama ensandecida, Odeia consciente. E dentro do conflito, Da contradição E do paradoxo, Não quer assumir o que sente. E a paixão te esgota Até o último suspiro, Que não sabia ainda Poder dar. E ela dorme novamente, Apenas para acreditarmo-la morta, Para que ela volte Devastadora, Arrasando tudo o que restou De seu último despertar, Tentando derrotar a razão. Trazendo identidades a tanto esquecidas, Gostos, Perfumes, E assim vive-se a vida. Se é que podemos chamá-la assim. Uma vida por um dia, Talvez uma troca ruim, Mas não temos como sabe-la, E, de súbito, estamos atados. Nus na chuva. Submetidos ao ciclo do sono da paixão. Quando dormindo, somos nós. Quando acordada, apenas não somos.
Queria te encontrar na rua um dia Pra saber se você se lembra de mim. Queria que você falasse comigo Só para ter certeza. Queria conversar contigo Pra poder perguntar Se você pensou em mim, E se a resposta fosse sim Eu sorriria e diria Que não deixei de pensar em você Por um só dia. Olharia nos seus olhos, O jeito que você pisca E desejaria ter 15 anos novamente. Diferente, Sem o píer, a música ou a areia, Mas ainda assim, Seríamos nós dois. Sem máscaras ou mentiras. Só nós dois E o mundo morrendo de inveja. Um beijo, três toques, um abraço e dois sorrisos. Queria te encontrar na rua um dia E saber se tudo isso ainda tem algum sentido. Saber se para você teve importância ou relevância. Saber o que significo pra você. E se significo alguma coisa, Que seja o que você é para mim: Uma saudade boa Que eu queria que não fosse, Pois a saudade é a lembrança do bem distante E eu queria você perto. Não côo saudade, Mas como uma vontade Que eu posso saciar. Não disse quando pude O que queria dizer, Não sei se agora adianta Mas também gostei de você. Queria conversar contigo E talvez dizer tudo isso Ou quem sabe apenas um beijo Te dissesse o que sinto. Sinto muito. Muito mesmo! Sinto muito a sua falta.
Em um mundo complexo, Em um universo em expansão, Tudo tende à divergência. Quanto mais achamos que As distâncias diminuem, Mais se tem a impressão de que As pessoas estão se afastando. Quem precisa sair Se se pode fazer compras por telefone? Quem precisa ir a festas para conhecer pessoas novas Se se pode conhecê-las por computador No aconchego de seu próprio lar? Quem precisa ir à escola Quando se tem aulas em vídeo? Quem precisa casar para ter filhos Se se pode fazer bebês em tubos? Os avanços tecnológicos me espantam. Mas nesse mundo avançado, Que tende à dispersão O ser humano tende à homogeneidade, E um dia, Seremos todos Igualmente Solitários.
Uma vez me disseram Que não se pode sentir falta De algo que não existe. Duvidei. Hoje quase tive certeza De que isso era possível, Quando quis te esquecer. Esquecer alguém De quem não poderia lembrar, Pois nem ao menos Conheci. Tentar esquecer alguém Que não conheci Para não ter saudades. Saudades de alguém Que talvez nem sequer Exista. Ou alguém que só exista na minha cabeça, Ou que exista na realidade Diferente do que eu criei, Ou quem sabe até, O real e o que eu imagino São exatamente Iguais. Mas como saber? E ainda assim, Sem saber, Ainda penso E gostaria de esquecer. Mas não se pode esquecer, Lembrar, Ou sentir falta De algo que não existe. Mas tudo existe A partir do momento Em que é pensado Pela primeira vez. Assim, Pode-se tudo.
Comprei uma caneta especial Para escrever palavras especiais Para alguém especial. Uma caneta de sonhos Onde caminho sobre nuvens Por entre belas palavras. Palavras doces e especiais Para alguém especial, Em um mundo lilás, Especial, Além do espaço; Sobre o tempo. Caneta que não usei, Porque a pessoa especial Sumiu. Mas as nuvens do sonho lilás esperam, Com suas palavras Especialmente belas, Pela pessoa especial. Seja ela esta Ou outra.
Quando vi, Estavam lá. O mar, O céu, O barco E você. Quando percebi, Éramos parte da Mesma paisagem. Nós no barco, O barco no mar E o mar sob o céu. Um céu claro, Que brilhava como as estrelas, Iluminado como a Lua. Era uma bela imagem, Que caberia em qualquer tela. E mesmo que esta se apagasse, O barco, O mar, O céu E nós Continuaríamos lá, Na mente de quem leu Nas entrelinhas da imagem Descrita, O que havia a mais no mar, E pôde ver no fundo da imagem, Bem lá no fundo, Uma ilha deserta, Onde aportaremos E construiremos nosso castelo. E será lá que viveremos: Em algum lugar fora do espaço, Por um período além do tempo, Enquanto procuramos por algo Que já não sabemos Se queremos realmente Encontrar.
Nem todo amor é eterno. Digo isso porque sei. Todo amor só dura Enquanto alguém Tem conhecimento Dele. As histórias de amor Talvez sejam eternas Se forem boas, Mas serão apenas Meras histórias. Quando baseadas Em fatos reais, Devem vir com especificação Na orelha do livro, Pois se não, Serão apenas Meras histórias Como outras quaisquer Das quais muitos gostam, Mas poucos imaginariam Que em algum dia Poderia realmente Ter acontecido. O amor morre Junto com a última pessoa Que o conhece. Por isso escrevo sobre tudo O que penso ser Amor. Para que nenhum sentimento, Seja ele amor ou não, Morra comigo.
Uma lágrima É tudo, Mas não define nada. Chora-se de alegria, De tristeza, De dor e de raiva. Uma lágrima não é nada Além de uma mera lágrima. Tenho vontade de chorar, Tenho sono, tenho pressa, Tenho vontade de sumir Apressada e desesperadamente. E vou despreocupada Porque sei que não perceberá que Fui, E ao sabe-lo, será indiferente. E os tolos chorarão minha ida. Mas só os tolos, Pois lágrimas são apenas lágrimas Incapazes de trazer de volta O que se foi.
Escrever Sobre qualquer coisa. Sobre o sonho que não se sonhou Ou o tempo que ainda não se perdeu. Sobre as estrelas, Que continuam brilhando Além das nuvens Mas não vemos. Sobre o que nos é oculto, Porém visível, E quando invisível, Perceptível. Escrever sobre o Sol, Sobre a lua, Sobre as estrelas, Sobre as nuvens, Sobre os sentimentos E sobre analogias. Escrever canções Que expliquem a relação Entre tudo isso. Que mostre a semelhança Entre as coisas mais diversas. Que explique de forma simples As coisas complicadas E que dêem identidade Ao que se sente. Escrever Sobre o que não aconteceu. Às vezes uma mentira de quem escreve É a verdade de quem a lê, E acaba achando bela Sem sabe-la falsa. É como um jogo Que, confesso, Não gosto de jogar. Escrever sem emoção alguma, Só pela simples vontade de faze-lo. Criar um amante sem coração, Um pensador sem cérebro, Ou um sentimento sem dono, Sozinho. Perdido. Melhor seria Não escrever.
Tudo o que escrevi há um ano Hoje parece tão distante, Como se não os tivesse escrito. Passou. E agora, Parece que nunca aconteceu. Quando leio todos eles Sei do que falam, Mas é tão impessoal... Não parece que fui eu Quem os escreveu. Em um ano, Aprendi bastante coisa. Amadureci mais neste último ano que se passou Do que em todos os anteriores. Mas, pelo menos, Produzi bastante enquanto amadurecia (Apesar de hoje, Nenhum dos textos fazerem sentido).
1995 (Calendário Cristão) Outubro Dia 9 18: 00: 00 horas. Primeiro, Segundo. O início de um novo minuto. Céu encoberto. Chuva. Temperatura agradável. Simon e Garfunkel na vitrola. Eu na sala. Milhões de gotas de chuva a cada segundo. O caderno de Matemática tem de tudo: Poesias, Exercícios de Processamento de Dados, Letra de música, Até Matemática tem no caderno! 18: 10: 00 horas. Ainda está chovendo, O cara não liga E eu até queria não ligar para isso... Paciência. Que eu venho tentando ter Há 17 anos, 5 dias, 10 horas e 30 minutos. Prefiro falar de chuva, Porque o interessante não é o feio do céu cinza, E sim o belo do arco-íris que brilha depois. Bonito isso, né?! Vou escrever no meu livro! 18: 23: 00 horas. Continua chovendo. E não vai ter arco-íris. E a ponte sobre a água agitada Foi levada pela enxurrada. E Simon e Garfunkel não cantam mais Na minha vitrola. Isso ‘tá parecendo papo de bêbado. E bêbado maluco, Porquê além de não falar coisa com coisa, Ainda fala sozinho. Isso me lembra Água Viva, de Clarisse Lispector. Fala de tudo ao mesmo tempo Para aproveitar o pouco tempo que tem. E por falar em tempo, São 18: 30: 00 horas. Tenho que ir (hic!).
É estrela solitária Que brilha para poucos, E os poucos que a vêem Se fascinam. É um ator de máscaras, Ninguém sabe se alegre ou triste, Pois não mostra o que sente. E talvez, Sinta mais que qualquer um. Tenta enganar a todos, Convence a maioria, Mas não consegue mentir para si mesmo. É pedra bruta por fora, E diamante raro por dentro. É um pouco de tudo. É um amigo e tanto. É, Simplesmente.
E a menina de vestido florido Não está mais deitada na relva, E nem é mais uma menina. Que por acaso, Não usa mais O velho vestido florido. A menina virou mulher, E depois que a chuva Que alagou seus sonhos Estiou, Ela se levantou e andou. Agora, ao invés de olhar para o céu, Ela olha para frente, A caminho do futuro. As rosas murchas de amores mortos, Ficaram junto com as lágrimas, Em uma poça de água de chuva, À beira do caminho. E ela não sonha mais te encontrar E prefere que você Fique é muito bem escondido. E o céu, Agora límpido, Abençoa a caminhada Da mulher Que se despiu Do amor Que desperdiçou contigo.
O dia está quente, Sinto moleza no corpo. Ligo o ventilador e deito em minha cama. O calor não me mantém desperta, Mas tão pouco permite que eu durma. Penso em várias coisas, Mas os pensamentos se confundem. Mas em todos os pensamentos, Ordenados ou não, Você se faz presente. Meus sentidos se confundem. Sinestesia a 40º C. Talvez água fria ajude. Tomo um banho e relaxo; Mas só enquanto tomo banho, Pois ao sair do chuveiro, A temperatura alta me ataca. Um desabafo, um desmaio. Caio. Levanto. Não consigo dormir. Penso. O Sol se pôs. A brisa sopra. Agora, Consigo pensar ordenadamente. Penso em você.
As rosas Que de ti tanto falam, Curiosamente Nada me dizem. Talvez por falta do que dizer Ou apenas por falta De quem as ouça Porque o que elas falam Pouco me interessa. Não faço questão de ouví-las. Faço que não compreendo, Mas quando as vejo Lembro alguém especial Que nem ao menos Se parece com você. Não é descaso da minha parte; É apenas o que sempre foi: Excesso do teu lado E escassez do meu. Foi exatamente por isto Que tudo se acabou. Faltava reciprocidade. E continua faltando. E é por isso que não haverá retorno. Acabou-se o que Para mim Nunca chegou a ser Exatamente doce.
As rosas Que de ti tanto falam, Curiosamente Nada me dizem. Talvez por falta do que dizer Ou apenas por falta De quem as ouça Porque o que elas falam Pouco me interessa. Não faço questão de ouví-las. Faço que não compreendo, Mas quando as vejo Lembro alguém especial Que nem ao menos Se parece com você. Não é descaso da minha parte; É apenas o que sempre foi: Excesso do teu lado E escassez do meu. Foi exatamente por isto Que tudo se acabou. Faltava reciprocidade. E continua faltando. E é por isso que não haverá retorno. Acabou-se o que Para mim Nunca chegou a ser Exatamente doce.
A lua sangrenta Acorda a noite E se ergue sobre o mar. As ondas prateadas Fazem uma sinfonia E sua melodia Acalma o céu Das frenéticas estrelas cadentes Que cortam o breu noturno, Onde existem outros astros Que se deixam observar Por horas a fio. E o mar ainda toca Aquela canção, E bailando pelo céu A lua minguante Brilha intensamente E ao alvorecer, A platéia Deitada na areia Se levanta e vai pra casa Sem ao menos Aplaudir o espetáculo.
Sento na areia E olho o mar. Sem pressa, Sem preocupação. Onda após onda, Quebrando na areia, Numa suave e doce Técnica de hipnose. E já fora de mim, Viajo no tempo E visito o passado, Enquanto o mar se envolve Num abraço lindo e traiçoeiro, E depois se desfaz, Como se nada tivesse acontecido. Enquanto eu lembro daquela noite. O último beijo. Um beijo gelado, Doce e terno. Par mim, uma vírgula, Para o destino, um ponto final, Pesado e definitivo. Que finda uma história Que mal havia começado, E ao terminar, Ficou mal acabada. E onda após onda, Lágrima após onda, Onda após lágrima, Releio a história Com ressentimento. Por que acaba Com seu beijo. E voltando à praia, Coleciono ondas, Guardo todas, E a elas, dou teu nome. E com elas, lembro teu beijo. E de tudo isso, Que vejo, lembro e sinto, Só tenho um pouco de areia nas pernas, E recordações De ondas Quebrando na areia Como beijos de despedida.
Vento vem, O vento vai, E eu fico; Estática; Inerte. Apenas permaneço E resisto. E fico parada, Andando lado a lado com o tempo. O vento passa, eu fico. O tempo passa, eu vou, Pois ele me leva. Fazemos companhia um para o outro. Sou imune ao vento, Mas não sou ao tempo, E enquanto o tempo me guia Para o abismo do fim, O vento vem atrás Se contentando em levar Apenas as lembranças Que tem de mim.
Vento vem, O vento vai, E eu fico; Estática; Inerte. Apenas permaneço E resisto. E fico parada, Andando lado a lado com o tempo. O vento passa, eu fico. O tempo passa, eu vou, Pois ele me leva. Fazemos companhia um para o outro. Sou imune ao vento, Mas não sou ao tempo, E enquanto o tempo me guia Para o abismo do fim, O vento vem atrás Se contentando em levar Apenas as lembranças Que tem de mim.
Peço desculpas a todos. Afinal, hoje é um dia diferente E estranhamente anormal, Pois nos dias normais, Escrevo coisas belas, Sobre dores e amores. Nos meus dias diferentes, Não escrevo, Ou escrevo bobagens A respeito de dias como este: Vazio, sem inspiração, Ou, quem sabe, Apenas chato. Mas é assim mesmo: Quando deixamos de lado Os objetivos, E apenas desistimos de lutar, Toda e cada coisa Perde parte do seu sentido. Porém, todos sabemos Que sempre encontramos Outra coisa pela qual Devemos lutar, Nem que seja somente Mais um amor de vida curta.
Sei que é erro grave Te querer Já que é certo Que não vai durar. Você vai voltar Par o lugar de onde veio, E eu apenas Hei de ficar. Então, porque não, Aproveitar esse tempo Que passa depressa, Esse pouco tempo Que ainda nos resta, Prolongando indefinidamente Cada segundo? Ou seria melhor, talvez, Se nos apartássemos O mais rápido possível, Para não nos iludirmos, E a distância, Sempre ela, Perversa, maldita Nos separar? Ou quem sabe até, Fosse mais favorável a nós Esquecer a distância, Viver o presente, Lembrar o passado, E deixar que o tempo Dê o devido rumo ao futuro? Esperar, agir, O que fazer?
Um dia, uma onda Levou meu castelo de areia Pro fundo do mar, Mas eu não sei nadar. Ele foi desmanchando, Afundando, E eu só pude lamentar Porque o castelo afundou Na imensidão do mar E eu não sei nadar. Não tive como salva-lo De nas águas se acabar, Pois ele se desfez Nas águas verdes do mar, E eu não pude fazer nada Pois eu não sei nadar E ao vê-lo indo embora No teu verdejante olhar, Aprendi a sofrer, Aprendi a chorar. Só não aprendi A salvar o amor de areia Que foi-se embora no mar, Pois aprendi muitas coisas, Mas não aprendi a nadar.
Tempo. O tempo passou. O tempo está ruim. Cada minuto, Cada segundo, Milhões de gotas de chuva Que umedecem o semblante Do desavisado. Vão-se as gotas, Ficam as poças E as nuvens negras Que aguardam o tempo. O tempo exato do desabafo Em novas gotas recicladas. E o Sol aparece Com seus cabelos-raios louros; As poças se desfazem, Segundo a segundo. O tempo melhora No decorrer do tempo. Dias de Sol, Meses de chuva. O tempo varia Mas não pára. O tempo muda Sem parar.
Ele estava lá, Tão lindo, Tão ele, Que eu não resisti: Cantei. Cantei exatamente O que eu queria dizer. Dancei enquanto cantava. Ele puxou papo, Enquanto eu tentava fazer Com que minhas pernas Parassem de tremer. Falamos pouco. Ele fingiu que não tinha entendido Aquela declaração tão direta e óbvia. Eu corei. Ele sumiu. Fiquei roxa de raiva. Raiva de mim, Que me expuz daquela forma. Mas depois, eu pensei bem, E não me arrependo De ter cantado. Quem canta seus males espanta. Espantei meu mal. Meu mal era ele.
Quando me olho no espelho, A única coisa que vejo, É uma menina De olhar perdido, Escondida num Corpo de mulher, Preocupada com A adolescência das espinhas. Uma menina-mulher-moça. Menina tola. Mulher maliciosa. Uma moça Cheia de sua Malícia e tolice. Uma metamorfose Em transição. Um pouco de tudo em mim. Uma imagem no espelho. Ou talvez, Apenas poesia.
Ao até então “Meu Grande Amor”, Agradeço por tudo. Pelos beijos, Pelo carinho E pela atenção. Por me ensinar O que nesse tempo Amando-o Aprendi. Aprendi a chorar, A sofrer, A sentir dor, A enxugar as lágrimas, Erguer a cabeça, Passar por cima E amar a mim Mais do que a ele. Sei que ainda Há muito que aprender Mas, caso o “professor” mude, E eu não tenha oportunidade De lhe falar, Menciono aqui Toda a minha gratidão. Muito obrigada.
Teus olhos, Verdes olhos, Olhos verdes como o mar, Onde eu queria estar, Onde eu queria mergulhar, Até ao fundo chegar, Sem pressa de voltar. É no verde do teu mar, Que eu quero velejar, Naufragar, Me perder, Te achar; Nadando em teu verde mar. E eu não me importaria, De nas ondas de teus olhos Me afogar. Nas belas ondas verdes Dos teus olhos de mar.
Não há mais nada que eu possa fazer A nosso respeito. O que me cabia, Eu fiz. Agora que eu sei que foi tudo em vão, Resta-me apenas Ficar com a minha dor, Até que uma de nós Não resista a outra. Então restará apenas uma: Ou eu, Ou a dor. A não ser que haja uma fusão Para que sejamos uma única unidade. Uma dor jovem, Ou uma jovem dor. Ou uma jovem, Perfeita em sua dor.
Aqui jaz O amor que sonhei para nós (Pois quando se sonha um amor, Deve-se sonhar no plural. Mas não importa agora Se era plural ou não. Importa que está morto e fim.). Morreu. De quê? Morreu de esquecimento, Pois quem eu amava, (Pois o amor morreu, Então o verbo é no passado) Esqueceu-se de sonhar com esse amor. Pobre amor... Já era doente terminal. Demorou tanto a morrer... Sofreu tanto esse tempo todo... Pobre amor... Está morto agora, Depois de tantas esperanças. A última alternativa, Que era tornar o sonho realidade, Falhou. O sonho virou pesadelo e... PUF! Morreu o amor do sonho. O meu amor Que sonhei para nós. Pobre amor... Tão rico, Tão poderoso, Tão esquecido... Tão morto... Vai ser enterrado em palavras. Com flores, Mas sem reconhecimento. Pobre amor... Tão lindo...
d Aqui jaz O nosso lindo amor morto Que só eu sonhei. Enterrado como indigente.
Você errou. E continuando a ser como és, Errarás sempre. Seu maior erro, É ser verdadeira E corajosa. Você peca pela sua sinceridade, E pelas suas atitudes. Você prefere ferir a ti mesma, A ver um amigo sofrer. Você prefere passar por cima Do seu orgulho latente, A amar calada, Temendo se arrepender De não ter dado chances à sorte, Mesmo que você saiba Que isso pode atingir seu coração Como um dardo envenenado. Você erra Por passar por cima de ti mesma Para que os outros saiam ilesos. Você erra por ser como um anjo Em meio a meros humanos. Você é boa demais para os outros, E é por isso que choras. Você é boa demais para ele. Ele não te merece, E você deve apenas se conformar, Pois além de não te merecer Ele não te quer.
Quero sonhar meus sonhos E contá-los aos que quiserem ouvir, Apesar de sonhos Serem apenas o que deveras são: Meros sonhos. Sonhos lindos e doces, Porém, apenas sonhos. -De creme ou doce-de-leite? Sonhos de flocos de neve, Que caem do céu Como estrelas cadentes, A que você faz um pedido Que nunca se realiza. Sonhos de poesia Que faz uma longa viagem; Do coração à cabeça, Da cabeça à mão, Da mão à caneta, Da caneta ao papel E do papel aos olhos. E quando você termina de ler, Acha que ficou uma bela porcaria, E que poderia ter ficado muito melhor. Sonhos de canção Que você ouve, Sabe que já ouviu antes Mas não lembra onde nem quando; Ou que você gosta, Mas não sabe exatamente porquê. Sonhos de realidade, Onde você conhece todo mundo, Tudo é possível E às vezes até provável. E, às vezes, É mais realidade do que sonho. Mas não adianta; De neve, de poesia, De canção ou realidade, Sonhos são apenas doces sonhos -De creme ou doce-de-leite? -De sonho.
Esse olhar tão meigo Por vezes me engana, Pois eles me passam ternura, Mas suas atitudes quando me vê Contradizem teus olhos. Parece que tem medo de mim, Como bicho acuado Fugindo do predador. Porque foge de mim? Que mal algum dia te fiz? Ou será que fiz um bem tão especial, Que temendo por tua liberdade Não quis se prender a mim, Não deixando que o destino seguisse seu rumo? Ou será que foi algo que não fiz? Você poderia ao menos Encontrar um outro meio de fazer com que eu compreendesse Que me tornei obsoleta. Talvez, Se você tivesse usado palavras, Hoje eu teria uma impressão favorável a seu respeito E então, Você não precisaria fugir de mim, E tudo se tornaria simples E poderíamos ocupar o mesmo espaço, Sem ressentimentos, Rancores, Medos Ou culpas. Você não precisa fugir de mim. Você não é minha presa. Não mais.
Numa madrugada de verão Um raio corta o céu E ilumina a noite por um segundo. Troveja. As primeiras gotas de chuva, Anunciam a chegada Da tempestade veraneia E a água derrama do céu, Cai na terra, Forma lama E desce o morro, Arrastando tudo que está em seu caminho. Carrega a casa, Destrói os móveis, Pára o trânsito, Mata gente E vira manchete no jornal. Uma semana, Quinze dias, Um mês, E o céu se despede das nuvens Que vão para o mar. O Sol sorri. A praia está linda E o arco-íris é fascinante. Depois da tempestade, Sempre vem a calmaria. A Natureza é sábia E cínica.
Um livro de capa preta Com letras brancas Levam meu nome E exibem minhas palavras, Que um dia estiveram guardadas, Escritas a caneta Em um diário lilás Onde na capa, Ao invés da escuridão quase total A não ser pelas letras, Havia uma menina loura, Cujos olhos verdes Viam um futuro feliz Representado por borboletas. Onde estão as borboletas? Onde está a menina? Onde está o cabelo de trigo E os olhos cor-de-mar? Teriam se perdido na escuridão da nova capa? E um momento de reflexão nos responde Que a escuridão foi apenas o que restou. A menina e as borboletas Se perderam no tempo, Pois o passado Ficou para trás.
Hoje, sentada em meu quarto, Pensei em nós dois E então descobri algo Que na realidade, A muito já sabia. Descobri que eu te amava Como um médico Que mantém seu paciente internado, Vivendo artificialmente, Apenas para não dizerem Que não houveram tentativas, Ou talvez, Para reconhecerem seu esforço E seu talento. Descobri que te amo, Somente para que minhas palavras Não se percam no vento, Em momentos de inspiração Que nunca existiriam Caso eu não te amasse. Descobri, Que meu amor por você É tão falso Quanto um Portinari datado de ontem, Tão fraco Quanto uma linha Para amarrar um cavalo selvagem, E tão improvável Quanto morangos no deserto escaldante. Hoje, sentada em meu quarto, Pensei em nós dois E então descobri Que na verdade, Eu nunca de fato Te amei.
E a menina do vestido florido Continua deitada na relva, Olhando para o céu, Sonhando te encontrar novamente. A brisa balança as folhas das árvores Com uma suavidade carinhosa, Que se perde em questão de segundos, Tornando-se ventania, Enquanto o sonho da menina Transforma-se em pesadelo. E o céu se fecha em nuvens densas. E a chuva violenta, Alaga os sonhos, Esconde as lágrimas, E molha o vestido de rosas murchas, De amores mortos.
Se um dia Você aparecer através das brumas, Será que eu estarei lá para te ver? Se eu puder te ver, Será que você me verá também? E se nos virmos, Será que nos quereremos? E se nos quisermos, Será que poderemos nos ter? E se nos tivermos, Será que vai ser bom? ... E se você não sair das brumas? E se não nos virmos? E se não nos quisermos? E se não nos tivermos? Será que nos lembraremos do que aconteceu Antes de haverem brumas?
De que adianta aprender esta luta inútil, Se seu ataque não aniquila o que te faz doer por dentro, E sua defesa não o impede de sofrer? De que adianta lutar esta luta vã e sem sentido, Se a maior luta da sua vida Não é vencível aos socos e pontapés E geralmente não vivemos para ver que a vencemos? Não seria sua vida uma luta suficientemente custosa Para você parar para se preocupar com as outras, Tão frívolas e sem intento? Talvez sua luta tola Seja sua fuga Ou seu escudo, Que te protege das circunstâncias, Nem dos pensamentos, Nem das palavras, Nem da sua própria consciência.
Um dia, Como por encanto, Transformarei minhas lembranças em passado E deixarei meu amor, Minha melancolia E meu sofrimento Eternizados em forma de palavras, Como um legado à humanidade. Após a luz da minha vida se apagar. Então, Após tantos anos, Alguém achará meus sonhos grafados, E amará com meus amores, E sofrerá com minhas dores. Até que sua luz também se apague, Para que outros vivam minha vida.
Senhor dos sonhos, Tire-o daqui. Mande-o para longe, Para eu não mais sofrer. Tire-o de mim, Mesmo que para tira-lo, Tenha que tirar também as lembranças. Mesmo que me doa, Tire-o daqui, Pois doerá no momento em que sair, E depois, nunca mais. Por favor, Senhor dos Sonhos, Para que eu tenha paz, Sem nenhuma piedade, Tire-o daqui.
Meu mundo é verde. Se é extraterrestre ou apenas ecológico, não sei. Mas é predominantemente verde. Entre “alfaces” e “brócolis”, O verde é diferente: Variações sobre o mesmo tema. Degradé. Cem por cento verde. Camisas verdes, Olhos verdes. E eu me enraizando No meu mundo verde, Dos teus olhos E de tantas camisas, Com o sinal aceso; Vermelho para mim.
A Lua gulosa, Engole o Sol. Faz-se noite Em pleno dia. O Sol minguando, Torna-se um anel; Uma aliança, Sem começo nem fim. Tudo pára Na noite ao meio-dia. Porém não paro de te amar. E a Lua devolve o Sol descomido, Inteiro, Intacto, Ileso. E tudo volta ao normal, Como era antes.
Me abandonaram. Me trocaram por coisas fúteis. Me encontro sozinha. E agora, reflito sobre o verdadeiro valor da amizade, E sobre a verdadeira amizade. Reflito também sobre a solidão. Preferia estar com meus amigos A estar aqui sozinha. Não por estar sozinha apenas, E sim por estar sozinha em um lugar cheio de desconhecidos. Porém, talvez seja melhor estar só A estar com supostos amigos.
Tenho que mudar. Voltar aos primórdios. Tenho que voltar a ser o que era: A tora, A pedra. Não demonstrar sofrimento. Sofrer calada, Sozinha, Pois assim a dor é menor; Dói menos, É menos dor, Menos sofrimento. Sem exposições ou dramas, Pois todos sabem as curas para minha dor, Quando não sabem sequer curar suas próprias.
Você passou por mim, Assim, Tão por acaso, Porém, parou ao meu lado, E daqui não saiu mais. Às vezes olho te procurando E quase sempre não te vejo. Mas sei que estás aqui, Olhando e sorrindo, Enquanto te procuro feito louca, Nos lugares mais distantes Quando é tão fácil te encontrar. Te procuro pelo mundo, Mas com medo de te achar.
Não é justo. Te amo tanto, E você nem liga. Não é justo. Olho para os lados, Pessoas. Olho para cima, Nuvens. Olho para dentro de mim, Você. Não olhar dói menos, Mas só de saber que mesmo não olhando Você estará lá, Sinto a mesma dor de vê-lo. Basta apenas lembrar. Desviar o olhar ou fechar os olhos é fácil. Apagar as memórias ou desligar a mente, É impossível, Mas seria mais fácil se eu o quisesse.
Ver-te assim, tão você, Inigualável, Único, Absoluto, Pleno, Me dá uma sensação de angústia Porque você nunca me vê assim: Te olhando, Hipnotizada, Prestando atenção. Observando cada gesto, Cada olhar. Enumerando sorrisos que não são meus, Que os ventos me trazem, E que quando não vejo, Minha memória acende. Um sorriso de 1000 Watts Que ilumina as manhãs E que enegrece meu coração, Porque tua luz não ultrapassa a barreira entre nós E onde houver sombras, Lá estarei eu. Vendo-te assim, Bom demais para ser meu.
Não posso negar que foi bom. Valeu enquanto pensei haverem possibilidades. Foi gostoso curtir minha ilusão Onde todos participaram, Partilharam meus sonhos, Incluíram seus sonhos nos meus.
Desmanchar minha torre de sonhos empilhados Quando um a um, os sonhos caem ao chão, E se quebram em mil pedaços Que meu orgulho não quer juntar. Você me feriu. Mas só dói em mim, você não sente. Não se importa. Deixa pra lá.
Olho as estrelas do céu, Distantes. Olho para você: Perto das estrelas, Longe de mim. Vejo o barco zarpar Cada vez mais distante, Levando-te para longe, Para além do mar de estrelas, Para fora de meus sonhos, Tirando-te do meu mundo Trazendo-me para a realidade. Realidade vazia de um mundo sem sentido, Sem habitantes, Abandonado. Onde só resta um par de olhos Que olham as estrelas do céu, Distantes.
Temendo a dor do amor perdido, Procura não amar. Fugindo do gosto amargo de lágrimas, Evita o doce sabor de um beijo. Não querendo sentir-se só, Dispensa os carinhos. Para não sofrer, Outorga ao direito de viver. Desiste do que é bom, Para não se desiludir. Seu coração é oco. Sua alma é vazia. E mesmo não sofrendo, ainda não é feliz.
O maior Bem Este querer-te bem sem me quereres, Este sofrer por ti constantemente, Andar atrás de ti sem tu me veres Faria piedade a toda gente.
Mesmo a beijar-me a tua boca mente... Quantos sangrentos beijos de mulheres Pousa na minha a tua boca ardente, E quanto engano nos seus vãos dizeres!...
Mas que me importa a mim que não me queiras, Se esta pena, esta dor, estas canseiras, Este mísero pungir, árduo e profundo
Do teu desamor, dos teus desdéns, É, na vida, o mais alto dos meus bens? É tudo quanto eu tenho neste mundo?
A cada dia
Durmo mais morta
E acordo pela manhã
Pra mentir pra mim mesma
Mais uma vez.
Passo o hoje esperando o dia
Em que a verdade coincidirá
Com a minha vontade.
Alimento esperanças mortas.
Conheço o que parece ser verdade,
Mas nego-a a cada minuto
Que com ela me deparo.
Vivo no mundo real
Aguardando que minha mentira
Se realize.
E até lá,
Sonho acordada,
Perturbada com os sonhos dormidos
Que me dizem mais sobre mim
Do que eu mesma.
"NÃO TE AMO como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entra a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que sua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho."